quinta-feira, 4 de março de 2010

CRÔNICA | CLOTILDE ZINGALI

ESQUISITICES HUMANAS

Humanos são seres esquisitamente maravilhosos, maravilhosamente esquisitos. Apaixonada que sou por essa espécie, me vejo por diversas vezes nesse enamoramento. Tudo chama minha atenção. Até as sandices.

Os olhares que tudo olham. Examinam com avidez as tragédias. Vivenciam. Geram infortúnios, e igualmente, paciência, arroubos, doações. O olhar que observa a beleza e a fragilidade de seus iguais. Inveja e admira. Deseja o desejo. O próprio e também o dos outros. E nem sabe se, de fato, quer o que deseja. O olhar de um pescador para o mar. Dos surfistas examinando o movimento das ondas, dos ventos. Dos músicos quando cantam suas canções. E sentem.

E se vivem outros. Vivem nas palavras. Nas cadências. Também nas pausas. O olhar do cirurgião para um órgão que pulsa em suas mãos. O olhar de uma mãe para o seu bebê. Do bebê para sua mãe. O olhar de um animal à espreita. Olhar de predador. E o olhar de uma presa. Olhar de medo. Olhar que faz outro olhar sorrir. Olhar que vira música.

Amo ver o que determinadas pessoas conseguem captar e arrancar dos outros. Sorrisos. Crises de choro. Paixão desenfreada. Amor. Olhar de quem se veste em armaduras. Olhares de defesa. Posturas de defesa.

O olhar que se enamora de outros olhares. Inclusive dos animais. Os olhares tantos de um cachorro para seu dono. Um cachorro no colo de seu dono. O olhar que espreita você fazer algo e sabe que está errado.

Entende que você está errando, mas não interrompe seu momento. Porque não quer. Porque não sabe como interferir. Porque quer que você erre. Porque odeia você. Porque ama você.

O olhar de pessoas que rim e se olham e então riem juntas. É o olhar sorrindo. Olhar que por vezes também chora. O vermelho do olhar. O triste que fica estampado. E as rugas. Os sulcos que cortam as faces como navalhas finas e afiadas, precisas.

O olhar que acredita que depois da tempestade vem a bonança. A ingenuidade. A maldade. A vingança. O olhar que transparece não estar “nem aí” para o que você fala e nem percebe o contrário da postura instalado no olhar. Delatando. Olhar de quem não faz a menor ideia que os olhos denotam mensagens. Mensagens que podem reiterar ou invalidar aquilo tudo que sai pela boca e reverbera. O olhar que empurra o ar que chega até você. E então você respira.

Quantas vezes vemos isso na fagulha do tempo que é a nossa vida. Fagulha é palavra-navalha que corta nosso rosto e nosso olhar. E não é incrível que seres humanos deixem tanta coisa escapar nesse tempo? É e não é.

Porque a vida é rara e farta. E de fato, não dá para ter tudo, fazer tudo, querer tudo. Não dá para pegar duas estradas ao mesmo tempo, dá? É leitor, é como ouvi certa vez de alguém em Alagoas, quando paramos para pedir uma informação e o homem disse: “Você segue em frente e quando a estrada abrir, você deixa a direita e pega a esquerda”. É lindo isso.

Entender essa pérola. Pra pegar um caminho, vem implícita a ideia de deixar outro. Se não a gente não chega onde pretende. Pode ser que algumas vezes duas saídas diferentes levem ao mesmo lugar por caminhos diferentes. Tem isso também.

Mas é maravilhosamente humano estar na encruzilhada. Porque as escolhas que moram dentro das pessoas são aquelas que metem medo e obrigam a seguir a fala do homem alagoano. Deixar algo. E isso acontece o tempo todo nessa fagulha-vida. A gente pode fechar os olhos e dar os passos, tirar cara ou coroa ou usar qualquer outra metodologia. Mas as escolhas acontecem.

Com ou sem nosso consentimento consciente. É daí, desse posicionamento nessa hora, que nascem as estátuas. É daí que os homens viram ou não, pedra. E então se podem ver outras coisas esquisitamente humanas.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Ausência necessária


Faz-se necessária, sim! A gente sempre escuta dizer que o bom mesmo é ficar na vitrine, estar à mostra, ser percebido, chamar atenção... Também concordo, porém, parcialmente. A realidade e as experiências vividas nunca têm o mesmo efeito para todos (e nem para nós mesmos)... Tudo depende do momento. Juro que eu seria apedrejada se estivesse na primeira metade século passado e dissesse uma besteira destas - a teoria da Agulha Hipodérmica me engoliria de vez influenciando todo e qualquer pensamento comunicacional. Neste caso, ainda bem que eu escrevo coisas desse tipo hoje!

Eu me perco nas idéias e acabo enxertando o texto com esses pensamentos linkados. Sabe quando teus dedos acompanham o raciocínio e simplesmente vão traduzindo as palavras no teclado com mesma agilidade? É mais ou menos assim. Prometo que vou tentar melhorar e quem sabe até editar o texto antes de publicá-lo.

Mas então, estávamos falando de ausência...
Ficar no depósito por um tempo, na geladeira ou no almoxarifado, como preferirem. For me é o mesmo que ausentar-se por completo de todo e qualquer problema que interfira negativamente no seu (ou no meu) dia a dia. E você já está pensando: “Ahh, que besteira... falar é tão fácil”. Falar é fácil e mais fácil ainda é tornar esse tipo de coisa uma realidade, já que, o que você pensa e verbaliza torna-se energia potencializada. Bom começo. Aliás, não vai parecer assim, mas aos poucos a gente vai entendendo que muitas ações dependem mais da nossa vontade de realizar do que de qualquer outra coisa. Enquanto você não quiser não vai acontecer! Esteja certo disso. E não vale se enganar... Dizendo “eu quero” e pensando “não quero”, não há sintonia assim. Meu Deus, como já dizia ninguém: “eu já comecei com as minhas teoriazinhas”. Pode ser, mas eu gosto delas porque sempre surgem espontaneamente e principalmente de forma muito sincera. Quer ler? Leia. Não quer? Pode parar aqui e procurar algo que você considere útil para sua leitura. (Desculpa, não quis ser grosseira).

Enxerto de novo, né? Estou vendo que o negócio não vai ser fácil. Até porque não simpatizo muito com idéia de ficar editando o que eu já escrevi, faço isso todo dia profissionalmente, mas enfim...
(Voltando). A ausência na qual me refiro não é aquela utilizada como atalho para esquecer o problema, mas sim aquela que se faz necessária para conseguir analisar melhor, sob um ângulo diferente, a situação. Quem sabe aquele click acontece e surge aí o resultado produtivo que você tanto precisava. É quase uma fórmula mágica que você e eu já sabíamos, claro! Mas a gente reconhece também que nem sempre conseguimos aplicar. Se você já tentou várias vezes e não conseguiu? Ausente-se. (Isso ai não necessariamente é uma frase imperativa para você, tá?! Serve mais para eu ler e lembrar disso todo dia). Faça isso por um tempo a fim de se resolver. Não use esse subterfúgio para esconder os problemas porque uma hora ou outra eles vão reaparecer e talvez com um grau até pior. A chave para todos os problemas está em nós mesmos... Basta tentar encontrá-la!

Monique Maytê Machado da Silva

"Quando tudo nos parece dar errado
Acontecem coisas boas
Que não teriam acontecido
Se tudo tivesse dado certo."

(Renato Russo)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

LINGUAGEM & MANIPULAÇÃO A distrofia da verdade

Por Henrique Estevao Passos Novais Beirange em 5/1/2010

Existem apenas dois tipos de pessoas no mundo, os que sonham em transformá-lo e os que querem que ele permaneça exatamente como é. A frase é de Guy Debord, um dos maiores pensadores do século 20 e autor de A Sociedade do Espetáculo. Debord sabia que neste mundo, trabalhar pelo progresso coletivo é estar sujeito a embaraços, resistências e sabotagens de todos os tipos. O egoísmo, mãe de todos os vícios morais, é o combustível que move os agentes do atraso a se esforçarem ignominiosamente para atravancar a marcha do progresso. Manipulação, desfaçatez, demagogia, cinismo... As facetas da mentira e da hipocrisia são empregadas de forma tão covarde, leviana e ardilosa, que os sofistas da antiguidade não imaginariam a que ponto o embuste passaria a ser a regra, e a crítica honesta e sincera exceção em nossa atualidade. Contorcer, retorcer e distorcer um fato com o intuito único e exclusivo de se extrair alguma verossimilhança a preconceitos, ao ódio, a intolerância...

Nietzsche dizia que o que move o homem é a vontade de poder. A busca insaciável e sôfrega desse desejo tem feito uso de uma arma extremamente eficiente nessa expedição. A linguagem.

"A linguagem oferece possibilidades para, em comum, descobrir a verdade, e proporciona recursos para tergiversar as coisas e semear a confusão. Basta conhecer tais recursos e manejá-los habilmente, e uma pessoa pouco preparada, mas astuta, pode dominar facilmente as pessoas e povos inteiros se estes não estiverem de sobreaviso" Alfonso López Quintás

A definição das palavras

Certa vez disse Platão que o maior triunfo de um homem injusto é conseguir parecer justo. Por trás de ternos italianos, em cenários bem iluminados, em grandes veículos de circulação nacional, lá se apresentam os sofistas de nossa era. Agem como malabaristas intelectuais. Realizam movimentos muito rápidos com seus falsos argumentos impossibilitando que o público os perceba. São ilusionistas.

"O demagogo procede, desse mesmo modo, com estudada precipitação, a fim de que as multidões não percebam seus truques intelectuais e aceitem como possíveis as escamoteações mais inverossímeis de conceitos" Alfonso López Quintás.

Toda era possui sua palavra talismã. Essa palavra carrega em si todas as expectativas e anseios de uma civilização. A palavra talismã de nossa era é a Liberdade.

Em nome da "liberdade" justificam-se injustiças, em nome da "liberdade" fala-se pela democracia. Pela "liberdade" avalizam-se crimes e a estupidez. Liberdade...

A palavra liberdade é usada por estelionatários semânticos, assim como as cruzadas fizeram com o nome de Jesus Cristo. Um especialista em revoluções e conquista de poder, Stalin, afirmou o seguinte: "De todos os monopólios de que desfruta o Estado, nenhum será tão crucial como seu monopólio sobre a definição das palavras. A arma essencial para o controle político será a linguagem."

Cuidado!


Fonte:www.observatoriodaimprensa.com.br

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Tentativas


Depois de textos tão pesados e de tanto tempo sem sentar em frente ao computador para restabelecer a conexão entre meus dedos e o teclado chegou a hora de tentar manter essa relação. Senti falta de expressar o que não encontrei maneiras e lembrei do blog. É uma satisfação pessoal escrever aqui afinal esse blog não é e nunca foi um líder de acesso (talvez por isso eu esteja escrevendo ISSO e aqui).
Desabafo? É, pode ser...

Sabe quando tudo na vida da certo? Aliás, quase tudo? Pois é, sua vida profissional decola, a cidade onde você mora te proporciona uma vida bacana, a dieta que você fez deu certo e consequentemente você tem a satisfação tão sonhada com o seu corpo (é isso mesmo que eu escrevi!! Assustador? Ainda mais quando o texto é escrito por uma mulher), os dias de chuva acontecem nos dias certos e os dias de sol caem naquela semana que você tanto sonhou, você tem tempo para ir ao cinema, para visitar os amigos, sair... E ai você para e se pergunta: Porque somos tão exigentes? Não é questão de “nada ta bom”, mas parece que está sempre faltando alguma coisa. Eu sei que você já teve essa sensação e sinceramente esse é um dos meus consolos. Em menor ou maior intensidade todos nós já passamos por isso.

Vivemos em busca de felicidade plena, percebeu? Grande parte do que fazemos ou deixamos de fazer é um busca dessa tal felicidade. Escrevendo isso lembrei de uma das falas de um professor de sociologia que eu tive na faculdade, ele dizia: Meus amigos deixem de procurar a felicidade plena, ela não existe! O que existe são momentos felizes, portanto, aproveitem quando eles chegarem! É interessante como alguns comentários marcam a nossa vida. A gente vai se transformando – o comportamento muda conforme as experiências vividas, os relacionamentos são mais maduros e as percepções são diferentes. Às vezes eu me sinto uma velha quando começo a viajar nessa onda de sentimentos e bla bla bla porque falar disso sempre foi muito difícil. Mas enfim, não vou parar meu raciocínio porque eu acho que to indo bem por enquanto.

Tentativas em vão
Sentimentos ao vento
Chacotas no ar
Indiferença exposta
Lágrimas na madrugada
Palavras lembradas
Cheiro presente
Gosto na boca
Saudade...

Ahhh...chega. Depois eu continuo!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A mancha rubro x negra

Comentário: O artigo foi escrito e publicado em 24 de março de 2003 no Jornal Gazeta do Paraná. Eu era acadêmica do segundo ano de Jornalismo da Universidade Paranaense (Unipar, campus Cascavel). Guardando as devidas proporções de informações de 2003, o texto é uma reflexão das artimanhas do governo norte-americano na manipulação econômica mundial.


Caro leitor, o que um produto chamado petróleo pode fazer no mundo? Petróleo?

Se eu fosse José Eduardo Dutra, presidente da Petrobrás, diria que – petróleo é uma mistura complexa de hidrocarbonetos, que se encontra geralmente em zonas de rochas sedimentares.

Se eu fosse Jorge W. Bush (aquele da guerra) diria que – é o motivo pela qual estamos em guerra. Opa! Mas não foi bem isso que o presidente dos Estados Unidos declarou essa semana durante a madrugada. Bush disse ao mundo que não há interesses econômicos envolvidos na guerra e sim interesses sociais de libertação do povo iraquiano de um regime ditatorial do “perigoso” presidente Saddan Hussein. Veja você, que bondade do presidente Jorge W. Bush! O ar de “já ganhei” era algo explícito pela retórica irônica desenvolvida desde o começo dos conflitos. “Seremos vencedores”, dizia Bush durante seu pronunciamento.

Pobre discurso! Será que ele não percebe que o mundo tem conhecimento de seus interesses econômicos – diga-se, petróleo – frente ao Iraque? Bom...se ele não sabe, estou fazendo a minha parte publicando este texto para avisá-lo, quem sabe ele lê.

Até o Papa pronunciou seu apelo contra a guerra. ONU, Papa, Opep, OMC... Nada e ninguém controla a fúria do super Bush, que para completar e concluir seu feito poderia virar um super-herói de revistas em quadrinhos nos Estados Unidos. Imagine você indo até a banca de revistas comprar seu jornal e chegando lá: “Bush – o salvador – e as novas aventuras na terra encantada”, breve nas melhores bancas e mais perto de você!

Tudo bem, não sou nem presidente da Petrobrás e tampouco presidente dos Estados Unidos, mas, diria que desde 1960, quando foi criada a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) – o caos instalou-se principalmente nos Estados Unidos.

Em 1973, após a quarta guerra entre árabes e israelenses, os países exportadores de petróleo decidiram tomar algumas medidas – como reduzir quotas de produção, embargar exportações para os Estados Unidos e alguns países da Europa, triplicar o preço do óleo cru (petróleo líquido) – o que causou uma crise mundial e mostrou claramente o quanto ocidente depende do petróleo dos países árabes. Desde então, os aumentos sucessivos de preços determinados pela Opep levaram os países importadores a uma revisão de sua política energética, com controle rigoroso de consumo, utilização de fontes de energia alternativa e, quando possível, como no caso do Brasil, incremento na exploração de suas jazidas. Claro que, isso tudo exclui os Estados Unidos porque para a política do governo norte-americano é muito mais fácil matar alguns milhões de pessoas, entre essas, grande parte civis, para ter o monopólio e se afirmarem enquanto potência mundial, demonstrando o quão forte e poderosos são, para executarem tal barbárie.

Deixo aqui minha revolta e meus sinceros votos de que um dia o mundo seja mais justo, que os culpados sejam punidos e que as leis sejam cumpridas.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Comentário: O artigo foi escrito e publicado em 28 de agosto de 2003 no Jornal Gazeta do Paraná. Eu era acadêmica do segundo ano de Jornalismo da Universidade Paranaense (Unipar, campus Cascavel). Resolvi publicá-lo porque além de ser um assunto pertinente é bastante interessante. Espero que gostem. Boa leitura.


Aplausos ao Hino Nacional


Após a execução do Hino Nacional Brasileiro, bater palmas ou não, eis a questão. Pois é, essa é uma questão que sempre gera muita polêmica.

Desde que iniciei minha vida estudantil, sempre me disseram que era uma imensa falta de respeito aplaudir o Hino Nacional após sua execução. Eu, criança, tinha como espelho de conduta meus professores, afinal foram e continuam sendo os responsáveis por grande parte do que sei hoje. Devo muito a eles.

Mas, sempre, durante as comemorações cívicas escolares (atitude escassa atualmente), os professores mais que imediatamente impedem tal manifestação depois da execução do Hino. Acredito que isso não ocorria somente na escola em que estudava, mas em grande parte dos estabelecimentos de ensino. E pelo que percebo isso continua ocorrendo. As professoras faziam sinais com as mãos e algumas expressões faciais que transmitiam a mensagem que todos nós já sabíamos: “Por favor, crianças, não aplaudam”.

Hoje, estou na Universidade. Mais uma vez, durante anos de convivência estudantil, fui reprimida ao admitir minha opinião sobre a questão do aplauso após o Hino. Sempre me disseram e continuam me dizendo que é “incontestavelmente incorreta” esta manifestação de contentamento. Porém, hoje já não sou mais uma criança, que segue e acredita piamente em exatamente tudo que é transmitido, seja por professores, pelos meios de comunicação, pelos amigos...

A questão do aplauso já era uma dúvida frequente e pertinente. Decidi então, estudar e pesquisar a fundo esse tema: “Afinal, pode-se ou não aplaudir o Hino Nacional Brasileiro após sua execução?”.

No dia 26 de agosto enviei ao Ministério da Cultura um email solicitando informações sobre a questão cívica do aplauso após o Hino. “Com referência ao Hino Nacional Brasileiro, é permitido ou não a manifestação de contentamento através de aplausos após a execução do Hino? Se não, qual o amparo que confirma esta informação? Existe alguma proibição de aplausos após a execução do Hino? Se sim, por quê? E qual o amparo que confirma a informação?”. Prontamente o Ministério da Cultura respondeu ao email e pediu que eu o encaminhasse à Biblioteca de Heráldica Medalhítica.

A Biblioteca Nacional, através da Sra. Eliane Perez, respondeu-me. “Prezada Monique, como a Lei (5.700 de 1º de setembro de 1971) já é de seu conhecimento, não há o que comentar a não ser que fica a critério de cada um interpretá-la, usando bom senso”. O email tem três páginas, por isso selecionei alguns comentários enviados pela Biblioteca Nacional.


Aplauso ao Hino Nacional – trata-se de um tema que sempre suscita polêmica, porém, pode-se e deve aplaudir o Hino Nacional por que: O aplauso é uma manifestação de aprovação; ninguém aplaude o que não gosta. Não há na legislação nada que diga que o aplauso é proibido. O aplauso é uma demonstração civil e cidadã de regozijo para com a Pátria e seu símbolo musical. No âmbito de uma cerimônia, sendo espontâneo, não se pode controlar aplausos”.


Os conservadores reprovam e os mais modernos incentivam este procedimento, sob a alegação de que não há na Lei, nada que signifique proibição, considerando que o aplauso é, também, uma forma respeitosa de homenagear o símbolo. Especialmente porque o mencionado parágrafo (da Lei 5.700) refere-se ao comportamento das pessoas durante a execução do Hino e não após sua execução”.


O Hino é a expressão de todos os brasileiros – em última análise, a pessoa aplaude a si mesma. Por isso, é um exagero reprimir essa manifestação”.


Portanto, pode-se e deve-se aplaudir o Hino após sua execução.

O grande problema do brasileiro é o medo. Medo de ser gozado, medo de ser reprimido, medo de ser motivo de chacota, medos, medos e medos...

Deveríamos nos preocupar um pouquinho mais com a cidadania. Muito se ouve falar nesta palavra, está na moda, está na boca dos políticos. Mas o que ela significa?

Vejam vocês, tive que enviar a dúvida ao Ministério da Cultura para que pudesse aplaudir tranquilamente depois do Hino. Resumindo, agora, que tenho um documento em mãos do Ministério, podemos bater palmas depois do Hino, vocês permitem?

Quem já não foi reprimido ou reprimiu alguém que despertou vontade de aplaudir o Hino? Quem já não olhou para o lado depois do Hino e comentou com o amigo que ridícula a atitude do fulano que aplaudiu? Quem nunca teve vontade de aplaudir, mas, aí olhou para o lado e viu que ninguém se manifestava e acabou deixando esse desejo de lado? Por medo? Insegurança?

Pois é, gostaria muito que essas atitudes fossem esquecidas, aquele olhar dos professores para os alunos nas comemorações cívicas; aqueles comentários; aquelas dúvidas que ninguém nunca procurou quitar...

O patriotismo não se resume em cantar o Hino, torcer pelo time de futebol durante a Copa e vestir roupa verde e amarela. É cantar o Hino e saber o que significa a letra, é poder aplaudir quando se tem vontade, é poder expressar um sentimento sem ter medo de que um dia alguém irá repreendê-lo.

Espero, sinceramente, que a partir de hoje possamos transmitir essa informação e, além disso, exercer o nosso direito e nosso dever como cidadãos e República Federativa do Brasil.

Aplausos ao nosso belo e vibrante Hino Nacional.


Monique Maytê Machado da Silva